domingo, 12 de setembro de 2010

O Lado Humano de João Calvino. O Suicídio de Jean Vachat







Esta notícia é um pouco antiga, data de 2007, mas acho que vale a pena reproduzí-la, pois mostra o outro lado do reformador francês João Calvino, tão associado e criticado, com razão, por seu envolvimento no triste episódio da morte do médico espanhol Miguel de Servetus.

Já disse, admiro Calvino, não apenas por ser membro de uma igreja presbiteriana independente, portanto reformada, mas pelo fato de sua vida demonstrar de forma clara a plena contradição da existência humana. Qualquer ser humano, a despeito do caráter, é capaz de cometer um ato nobre seguido de uma atrocidade terrível. Tal premissa não foi diferente em Calvino. Em suma, nutro uma enorme desconfiança para com o ser humano, inclusive comigo mesmo. Agora, chega de papo, vamos à carta.



GENEBRA (AFP)Os protestantes calvinistas com freqüência demonstram uma certa indulgência em relação ao suicídio, como demonstra uma carta do célebre pastor João Calvino exposta no Museu Internacional da Reforma, em Genebra, em pleno coração da chamada Roma protestante.

"Fiz muitas reprimendas (...). Perguntei se não pedia o perdão de Deus pelo que havia feito e se não tinha confiança, sabendo que Ele teria ainda misericóridia", afirma a carta.

Escrita em 1545, após a visita a um moribundo que havia apunhalado a si mesmo no abdome para acabar com seu sofrimento de tuberculoso, o texto, um relatório que Calvino escreveu para a polícia de Genebra, é "raro e inesperado", destaca a diretora do museu, Isabelle Graesslé.

"Eu o exortei com minhas palavras a armar-se de paciência e a consolar-se na graça de Deus", escreveu Calvino.
O documento de Calvino, roubado dos arquivos do Estado de Genebra em meados do século XIX, reapareceu publicamente em 2002 durante um leilão da Sotheby's.
O manuscrito, conservado em perfeito estado, foi comprado por um colecionador e colocado novamente à venda após sua morte.

Em julho, a pedido do Museu da Reforma, um grupo de mecenas adquiriu a carta durante um leilão da Christie's em Londres por 70.000 libras e a doou ao museu.
Apesar da indulgência de Calvino, o caso do suicídio de Jean Vachat, do qual foi testemunha, não teve um final feliz.

Embora Calvino tenha se arrependido em duas ocasiões, o corpo não foi enterrado no túmulo familiar, como havia pedido o pastor, mas ao pé da forca na qual eram executados os condenados à morte.

"Durante muito tempo o suicídio foi considerado um crime triplo, contra o indivíduo, contra a sociedade e contra Deus", explica em um texto de análise Sandra Coram-Mekkey, colaboradora científica nos arquivos do Estado de Genebra.
"Neste sentido, o suicídio envolve a justiça penal", acrescenta.
Então era realizado um julgamento contra o morto ou sobrevivente e a sentença podia ser executada sobre o cadáver.

A clemência de Calvino, assim como outros exemplos similares, tendem a mostrar que o protestantismo era "muito liberal em sua prática de enterro de suicidas", afirma a Enciclopédia do Protestantismo, citada por Coram-Mekkey.
O manuscrito de Calvino, exposto com sua transcrição escrita, apresenta, segundo os diretores do estabelecimento, uma faceta "mais luminosa" do pastor.
"O mostra em seu lado mais humano", completa Isabelle Graesslé.


Copiado do Site Notícias Cristãs. Link Original: http://news.noticiascristas.com/2007/11/carta-em-que-calvino-perdoa-o-suicdio.html#





João Calvino ( 1509-1564)














Pastora Isabelle Graesslé, diretora do Museu Internacional da Reforma em Genebra, Suíça. ( Ao fundo, a famosa cruz huguenote, símbolo do protestantismo francês )

3 comentários:

  1. Fantástico!
    Me lembei daquela cena (se real ou não, não sei)do filme "Lutero", onde Lutero enterra o jovem suicida, e ousa confia na graça de Deus, quando os cãnones da Igreja proclamavam a condenação eterna do rapaz.
    Nós protestantes decaímos do "Sola Gratia" todas as vezes que condicionamos o perdão de Deus a uma oração de arrependimento por parte do pecador.
    A heresiaa pelagiana consiste justamente nisto: admitir a possibilidade de que o homem possa tomar a a iniciativa no relacionamento com Deus!

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  2. Recomendo a leitura de http://planetpreterist.com/news-2857.html . "Ele matou 57 pessoas, baniu 76. Confiscou a propriedade de inimigos políticos e teológicos. Tomou o poder através de revolta e despotismo. Ele exerceu o poder com mão de ferro. Iste Gallus – aquele Francês – foi a primeira referência a ele em livros oficiais e registros de Genebra, mas seu nome era Jehan Calvin, um advogado incrível, um teólogo brilhante, um tirano e um assassino."

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  3. Calvino era pecador miserável como todo mortal, nunca escondeu isso, apesar de procurar uma vida de piedade.
    Quem tem a oportunidade de estudar a vida de Calvino e a Reforma Protestante por fontes fiéis, sabe que se trata de um homem zeloso, humilde e piedoso o sificiente para reconhecer que toda glória pertence à Deus.
    Sua maior nobreza foi ser servo e dedicar ao seu Senhor sua vida e servir os santos irmãos em Cristo.
    "Os séculos passaram, mas os cães ainda mordem o calcanhar".
    Dizer não ao pecado não é ser tirano, é ser santo para glória de Deus e nada mais!!!!

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