sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Este blogue apóia



Estabelecer um limite para a propriedade da terra é uma questão de justiça. Entrem no seguinte endereço http://www.limitedaterra.org.br/ , tomem conhecimento do assunto e assinem, conscientemente , este manifesto que propõe a realização de um plebiscito sobre esta pertinente questão.
Fico muito feliz em saber da participação oficial da Igreja Evangélica de Confissão Luterana ( IECLB ) . Quem dera outras denominações cristãs participassem de campanhas realmente relevantes para nossa pátria tão carente de justiça. No entanto, a grande maioria apenas se manifesta em duas ocasiões : quando se trata de defender seus próprios interesses ou quando o foco está direcionado em alguma questão moralista. Uma lástima.
Feita tal ressalva, parabéns, irmãos luteranos !



OBS : Parabéns aos integrantes do Coletivo Quincas Borba do DAMAC-MACKENZIE pela iniciativa em divulgar esta campanha no campus do Mackenzie. Estou no término do curso, mas espero que vocês vençam, novamente, as próximas eleições do diretório !

13 comentários:

  1. Olá! Eu, como estudante de Humanas em universidade pública, pude presenciar com muito mais ênfase e vigor essa campanha popular. Inclusive, votei no plebiscito que nos punha as duas seguintes perguntas (não me lembro ao certo, vou aproximar):

    1) Você é a favor da limitação do tamanho das propriedades rurais?

    2) Você acha que essa limitação trará segurança alimentar, justiça social e correlatos?

    Sinceramente, votei "sim" na primeira: tanta terra ser propriedade de tão poucos e às vezes para não produzir nada é um dos nossos descalabros históricos. Todavia, votei "não" na segunda: esses grupos defendem que a terra desapropriada seja estatizada (inclusive o Plínio de Arruda do PSOL), e Estado tomando conta das coisas não é garantia de sucesso; basta lembrar um caso recente de venda de terras pra reforma num esquema infiltrado no INCRA, e como essas terras estatizadas podem muito bem parar nas mãos de pessoas do governo com fins corruptos. Por isso também não assinei o abaixo-assinado.

    É claro que o Estado brasileiro ainda pode - e deve - muito, mas esse fetiche estatista ainda é um dogma pernicioso entre a esquerda e sobretudo a extrema-esquerda. Como estatizar se o Estado não dá garantia de qualidade? Deixei de votar no Plínio porque ele queria fazer o mesmo com a educação, sem garantia de melhora da qualidade para que disputasse com a rede particular. Esses problemas dentro do Estado são muito difíceis de se resolver, e envolvem toda uma mudança de mentalidade na sociedade inteira. Enfim, como disse o peruano Oscar Jara Holliday, parafraseando a 11.ª Tese Sobre Feuerbach de Marx: "Os revolucionários até hoje têm-se preocupado em transformar o mundo; trata-se é de criar um novo".

    Abração!

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  2. Olá André, parabéns pelo blog, está muito legal. Tive conhecimento deste espaço através do Neymar, que é diácono da IPI de Botucatu e milita na Rede Ecumênica da Juventude.
    Muito bom saber que tu abraçastes a luta pelo limite da propriedade da terra.
    Erick, tudo bem ? Concordo contigo quando tu dizes que a concentração da terra nas mãos do estado é tão perigosa quanto a atual situação, onde parcela significativa do espaço fundiário se encontra sob poder de uma minoria predatória.
    Porém, não acredito que esta seja a intenção dos organizadores da campanha. Como tu deves saber, a frente é bastante plural, ampla, comportando idéias das mais diferentes matizes. Sei que o pessoal do PSO-L defente a idéia afirmada por ti, mas eles não possuem tanta influência. Vou dar um exemplo. Sou luterana, minha denominação, a IECLB, participa, oficialmente, da campanha através da Pastoral Popular e da Juventude Evangélica. Para nós, evangélicos de confissão luterana, o direito à pequena propriedade é sagrado. Faz parte de nosssas bases. Hoje, pela graça e misericórdia de Deus, somos uma igreja com mais de 1 milhão de membros e que procura fincar raízes entre o povo brasileiro. Mas nossa origem é basicamente vinculada a imigração alemã, sendo que boa parte de nossa membresia se encontra localizada em grotões rurais do sul do Brasil. Desta forma, o imigrante alemão sempre valorizou a pequena propriedade familiar, sendo contrário ao latifúndio, verdadeiro câncer social.
    Acreditamos que além da democratização da terra, principalmente por meio da pequena propriedade familiar, a gestão da terra por meio de cooperativas seria uma solução interessante. Com tais medidas, evitariamos tanto o capitalismo liberal atual, como o capitalismo de estado tipo soviético.

    Beijos pra vocês dois.

    Renata Peixoto Siegle Weingartner
    Estudante de Sociologia- UFRS, luterana, membro da Paróquia Matriz de Porto Alegre, integrante da Pastoral Popular Luterana e Juventude Evangélica. Colorada de coração e alma

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  3. Meu chará,

    acho bom que evangélicos e católicos se engagem num movimento como esse.

    Mas a proposta passa longe de ser uma solução viável. Precisamos fazer propostas mais efetivas, uma ação política eficaz - que não se limite a socar a ponta-de-faca do capitalismo e do agro-negócio mundial.

    Teríamos que comer pelas beiradas: iniciativas judiciais contra terras griladas, contra crimes ambientais; aumento do ITR para grandes propriedades, que cobra valores irrisórios; financiamento e assitência técnica para a agricultura familiar (isso melhorou muito no governo Lula);

    A verdadeira reforma agrária se faz integrada a um contexto macro-econômico e macro-político, e não com medidas isoladas e impossíveis, num golpe de romantismo revolucionário...

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  4. Vamos por partes. Em primeiro lugar, muito obrigado pela visita, cara Renata. Quem me conhece, sabe; se não fosse presbiteriano independente, provavelmente seria luterano confessional. Muitas vezes dou uma escapada e vou louvar a Deus junto com os irmãos da Paróquia Martin Luther, localizada no centro de Sampa. Sobre a questão; bastante pertinentes suas colocações, pois elas mostram a diversidade de idéias dentro do movimento popular, assim como o acerto, a meu ver, da idéia luterana : valorização da pequena propriedade familiar e a criação de cooperativas autônomas de trabalhadores rurais. Inclusive, acho que a idéia mais próxima de um socialismo realmente eficiente, que concilie competitividade mercadológica com o ideal de justiça social, é a idéia do cooperativismo social. Se não me engano, este nada mais é do que o famoso regime de autogestão colocado em prática pelos anarquistas espanhóis durante o período da República.

    Caro Erick, valeu pela sua presença por aqui. Como sempre trazendo ótimas ponderações. A respeito do que você escreveu, acho que a própria Renata respondeu por mim. Infelizmente, determinados setores da esquerda brasileira ainda consideram uma economia meramente estatal como sendo socialista. Convém lembrar que, durante os sombrios anos de ditadura militar, boa parte de nosso setor produtivo estratégico era estatal, e nem por isso vivíamos um período de justiça e liberdade. Penso que o estado deve administrar setores realmente estratégicos, sendo as grandes empresas administradas de uma forma mista, isto é, paridade acionaria entre patrões e empregados, cabendo ao estado o “ voto de minerva”. No restante, completo apoio a pequena empresa familiar, incentivando a formação de cooperativas de trabalhadores. Bem, fugi um pouco da questão do plebiscito. Mas é como afirmei, a Renata expressou exatamente o que penso. PS : Que história é este de “ bambi “ lá no seu blog ? “ Mano, nóis é São Paulo, meoo”..rsss

    Grande André Egg. Prazer vê-lo por aqui após séculos..rss. Concordo com tudo o que você escreveu. Realmente as medidas alocadas com muita sabedoria são fundamentais para uma boa resolução da questão agrária. Porém, uma questão não interfere na outra. Acredito que o plebiscito é uma estratégia importante, pois é constitucional e pacífico, não podendo ser qualificado de revolucionário pelas elites reacionárias. Também não é utópico, pois a questão defendida gira em torno de apenas uma questão : deve haver limite para a propriedade fundiária ? Não temos, pelo menos neste momento, uma definição a respeito da forma como esta terra deve ser administrada.

    Abraços a todos

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  5. André de Oliveira,

    já sigo o seu blogue.
    E fiz uma referência no meu, embora não tenha apontadores para outros blogues ou sítios.

    Continue mostrando a perspectiva protestante/presbiteriana. Achei muito interessante e muito instrutivo. Espero continuar a ler artigos de fundo e com substância.

    Jorge Pires Ferreira

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  6. Caro Jorge Ferreira, paz e bem.

    Muito obrigado pela visita, pelo comentário e também por tornar-se seguidor de tão humilde blogue.

    Só posso agradecer-lhe pela nota publicada no seu blogue. Muito obrigado !

    Amigos(as). Visitem o Tribo. O endereço se encontra na barra de sites e blogues recomendados. Para facilitar, abaixo o link direto onde este blogue é citado.

    http://tribodejacob.blogspot.com/2010/09/blogue-cristo-e-liberdade.html

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  7. André,

    claro que fazer o plebiscito é uma coisa democrática. Claro que a proposta seria derrotada.

    Se fosse aprovada não seria implantada, porque é impossível. Significaria desapropriar, do dia para noite os mais poderosos do país. Ninguém faz isso.

    João Goulart caiu por menos. Ele só queria desapropriar as terras que ficavam às margens das rodovias federais.

    Acho que tem um versículo que diz que antes de começar a lutar uma guerra tem que ver se é possível ganhá-la. Essa não é não. Não desse jeito.

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  8. André, a paz!

    Permita-me discordar.

    Lamento a participação de uma igreja evangélica na promoção ideológica de medidas autoritárias. Desapropriar é criar insegurança jurídica, fuga de investimentos, queda na produção de alimentos, aumento da importação de produtos básicos e outras arbitrariedades que acontecem neste momento na Venezuela de Hugo Chávez. Não é à toa que essa medida é apoiada pelo Plínio de Arruda Sampaio, um radical que defende divisão de riquezas enquanto mora em um apartamento avaliado em um milhão de reais. Fico feliz que Marina Silva, José Serra e até Dilma Poste Rousseff tenham rejeitado essa ideia. Uma outra observação: a presente ideia de lutas revolucionárias pela “justiça social” sempre acabaram de uma maneira: totalitarismo.

    PS: Essas discussões “socialistas” são tão velhas, como a história de latifúndios, que nem parece que vivemos em uma país esmagadoramente urbano e com tendências de mais urbanismo. Não só no Brasil, mas na China, Índia, Rússia...

    Abraços

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  9. Gutierrez,tudo bem contigo, guri ? Respeitosamente, me permita fazer algumas perguntas:

    a) Você é contra a reforma agrária ? Na sua opinião não há problema de concentração fundiária no Brasil ?

    b)Qual o problema em minha denominação, a IECLB, participar de uma campanha como esta ? Em algum momento há disparidade entre a proposta e a idéia bíblica ? E os textos que falam diretamente do uso da terra como Êxodo 23.10-11 e os demais que tratam da questão do Jubileu ( Levitico 25) ?

    Beijos respeitosos

    Renata Peixoto Siegle Weingartner
    Estudante de Sociologia- UFRS, luterana, membro da Paróquia Matriz de Porto Alegre, integrante da Pastoral Popular Luterana e Juventude Evangélica. Colorada de coração e alma

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  10. Participei da organização do plebiscito aqui em Brasília. São mais de 54 entidades diferentes promovendo o Fórum há anos. Eu participo como independente, como um evangélico dos Evangélicos Pela Justiça. Também montamos um comitê lá na nossa igreja, a Igreja Presbiteriana do Lago Norte. Voto SIM. Conclamos os amigos e as amigas a promoverem uma distribuição de terras mais justa, e a conhecermos melhor nossa própria História.

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  11. Gutierriez, caro amigo, bom dia.

    Em primeiro lugar, sinta-se livre para discordar quando quiser. Dito isso, gostaria de dizer que não concordo com suas premissas. Vamos lá. A limitação da propriedade da terra em nosso país não é uma questão de socialismo, pois o plebiscito não avalia a forma como a terra deve ser administrada, mas sim o limite da propriedade fundiária. Esta questão também não atenta contra o sagrado direito da propriedade privada. Apenas, de acordo com a própria constituição brasileira, condiciona a propriedade privada a uma função social.

    Além do mais, países claramente capitalistas, como a Coréia do Sul, implantaram legislações semelhantes. Finalizando esta questão, posso afirmar que o excedente da propriedade rural afetada por uma medida como esta, na maioria das vezes, é improdutivo.

    Como você disse, o forte de nossa economia não se encontra mais no setor primário, isto é, na agricultura. No entanto, uma agricultura forte é essencial para o desenvolvimento de uma nação. Sabemos que o grande agronegócio visa, principalmente, a exportação. O grosso do consumo interno, responsável pela alimentação de nosso povo, é proveniente do pequeno produtor. Portanto, medidas como a limitação da propriedade da terra seriam benéficas para o mercado interno de nosso país.

    Forte Abraço
    André

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  12. SIC= que o excedente da propriedade rural afetada = o correto seria AFETADO.

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  13. Olá Renata,

    Não sou contra a reforma agrária, mas sim contrario ao uso político dessa causa.

    Alguns ideias estão presentes nessa campanha:

    1.Democracia direta

    Uma velha campanha da CNBB é a dita “democracia direta” com o uso de plebiscitos. Não acredito em democracia dita direta em países mergulhados no populismo e no uso da máquina pública, como o nosso. A democracia representativa está longe da perfeição, mas é o melhor dos mundos. Democracia não é somente a voz da majoritária, mas a proteção da minoria contra a vontade da maioria.

    2.Contrário a propriedade privada

    Mesmo que a tal limitação não seja contra a propriedade privada, no fundo esse é o desejo de grupos ideológicos como o MST. Hoje mesmo ouvi a propaganda do PCB onde o Ivan Pinheiro exaltava Cuba como exemplo do paraíso na terra. E só existe um meio de extinguir a propriedade privada: o aumento do poder do Estado, ou resumindo, uma ditadura.

    Beijos!

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