Dia 18 de Junho de 2010. Em meio à efervescência provocada pela Copa do Mundo de Futebol, o mundo eclesiástico cristão vive um dia histórico. Hoje, terá início na cidade de Grand Rapids, Estados Unidos, a assembléia geral responsável por unir as duas grandes organizações que congregam parcela significativa das igrejas presbiterianas, reformadas, congregacionais e unidas espalhadas pelo mundo. Após anos de diálogo, a Aliança Mundial de Igrejas Reformadas e o Conselho Ecumênico Reformado, resolveram colocar as desavenças de lado, e juntas formarão uma nova entidade que terá sob sua influência mais de 80 milhões de fiéis nos cinco continentes. A nova organização foi batizada como Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas. É sempre bom lembrar aos leitores não familiarizados com o funcionamento dos grandes órgãos ecumênicos e com a eclesiologia protestante, que esta nova organização não exercerá um papel legislativo sobre seus filiados, isto é, não será uma espécie de vaticano presbiteriano. Sua função é congregar, fraternalmente, o maior número de igrejas nacionais autônomas que vinculam suas origens a reforma religiosa do século 16 de acordo com a tradição zwingliana e calvinista.
A antiga Aliança Mundial de Igrejas Reformadas (AMIR) deve sua origem a dois organismos eclesiásticos distintos. Em 1875 foi organizada em Londres, Inglaterra, a assim chamada Aliança das Igrejas Reformadas que Seguem o Sistema Presbiteriano. No ano de 1891, também na britânica Londres, foi fundado o Concílio Congregacional Internacional. Doutrinariamente, ambos os grupos eram bastante similares, já que adotavam alguma espécie de calvinismo. Sua divergência principal encontrava-se na forma de governo eclesiástico. A característica marcante do presbiterianismo sempre foi seu governo democrático representativo, sendo o mesmo exercido de forma indireta por meio de representantes eleitos pela própria congregação. Por outro lado,o congregacionalismo é conhecido por sua forma democrática direta, estando o poder máximo nas mãos da própria comunidade reunida em assembléia.
Durante boa parte do século XX, os dois grupos, herdeiros da mesma tradição teológica, andaram separados, unindo-se apenas em 1970 sob uma nova nomenclatura: Aliança Mundial de Igrejas Reformadas (AMIR). Mesmo não tendo um poder decisório em questões dogmáticas, a AMIR sempre se caracterizou por posturas teológicas e políticas progressistas.
Um dos maiores exemplos desta tendência esquerdista por parte da AMIR, está no veemente e profético pronunciamento condenando o diabólico regime do apartheid sul-africano em 1982. Infelizmente, o regime racista vigente na África do Sul contou com o apoio de várias denominações reformadas brancas daquele país. Inconformada com a postura destas igrejas, a AMIR as expulsou de sua membresia, iniciando uma forte política antiapartheid junto aos mais diferentes órgãos internacionais.
A atuação da AMIR em prol do ecumenismo cristão e do diálogo inter-religioso sempre foi digna de destaque. Inúmeros acordos teológicos foram firmados com anglicanos, luteranos, metodistas, pentecostais, batistas, ortodoxos e católicos romanos. No tocante ao diálogo inter-religioso, foram frutíferos os contatos estabelecidos com judeus, muçulmanos, budistas e hindus.
O antigo Conselho Ecumênico Reformado foi organizado em 1946, sendo formado, inicialmente, por igrejas etnicamente holandesas espalhadas pelo mundo. Durante muito tempo foi uma espécie de entidade oposta a AMIR, caracterizando-se por um maior conservadorismo em questões teológicas e políticas. Contudo, a partir de meados da década de 80, experimentou uma acentuada abertura nestes pontos, o que facilitou sua aproximação com a AMIR.
Enfim, após este breve histórico, voltemos ao foco da questão. A união dos dois conselhos de orientação reformada diz respeito não apenas aos cristãos pertencentes a esta tradição, mas a toda cristandade. Não podemos pregar o evangelho de Jesus Cristo no meio de tamanha desunião.
No entanto, a importância da criação da Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas extrapola os próprios limites do cristianismo e da crença religiosa em si. A citada participação da AMIR no combate ao apartheid sul-africano, assim como as inúmeras campanhas realizadas pela entidade em prol da justiça social, economia solidária, ecologia, desarmamento, paz mundial e etc, demonstraram como uma grande família cristã pode desempenhar um papel transformador e libertador em nossa sociedade.
Longa vida, COMUNHÃO MUNDIAL DE IGREJAS REFORMADAS !
André Tadeu de Oliveira
A antiga Aliança Mundial de Igrejas Reformadas (AMIR) deve sua origem a dois organismos eclesiásticos distintos. Em 1875 foi organizada em Londres, Inglaterra, a assim chamada Aliança das Igrejas Reformadas que Seguem o Sistema Presbiteriano. No ano de 1891, também na britânica Londres, foi fundado o Concílio Congregacional Internacional. Doutrinariamente, ambos os grupos eram bastante similares, já que adotavam alguma espécie de calvinismo. Sua divergência principal encontrava-se na forma de governo eclesiástico. A característica marcante do presbiterianismo sempre foi seu governo democrático representativo, sendo o mesmo exercido de forma indireta por meio de representantes eleitos pela própria congregação. Por outro lado,o congregacionalismo é conhecido por sua forma democrática direta, estando o poder máximo nas mãos da própria comunidade reunida em assembléia.
Durante boa parte do século XX, os dois grupos, herdeiros da mesma tradição teológica, andaram separados, unindo-se apenas em 1970 sob uma nova nomenclatura: Aliança Mundial de Igrejas Reformadas (AMIR). Mesmo não tendo um poder decisório em questões dogmáticas, a AMIR sempre se caracterizou por posturas teológicas e políticas progressistas.
Um dos maiores exemplos desta tendência esquerdista por parte da AMIR, está no veemente e profético pronunciamento condenando o diabólico regime do apartheid sul-africano em 1982. Infelizmente, o regime racista vigente na África do Sul contou com o apoio de várias denominações reformadas brancas daquele país. Inconformada com a postura destas igrejas, a AMIR as expulsou de sua membresia, iniciando uma forte política antiapartheid junto aos mais diferentes órgãos internacionais.
A atuação da AMIR em prol do ecumenismo cristão e do diálogo inter-religioso sempre foi digna de destaque. Inúmeros acordos teológicos foram firmados com anglicanos, luteranos, metodistas, pentecostais, batistas, ortodoxos e católicos romanos. No tocante ao diálogo inter-religioso, foram frutíferos os contatos estabelecidos com judeus, muçulmanos, budistas e hindus.
O antigo Conselho Ecumênico Reformado foi organizado em 1946, sendo formado, inicialmente, por igrejas etnicamente holandesas espalhadas pelo mundo. Durante muito tempo foi uma espécie de entidade oposta a AMIR, caracterizando-se por um maior conservadorismo em questões teológicas e políticas. Contudo, a partir de meados da década de 80, experimentou uma acentuada abertura nestes pontos, o que facilitou sua aproximação com a AMIR.
Enfim, após este breve histórico, voltemos ao foco da questão. A união dos dois conselhos de orientação reformada diz respeito não apenas aos cristãos pertencentes a esta tradição, mas a toda cristandade. Não podemos pregar o evangelho de Jesus Cristo no meio de tamanha desunião.
No entanto, a importância da criação da Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas extrapola os próprios limites do cristianismo e da crença religiosa em si. A citada participação da AMIR no combate ao apartheid sul-africano, assim como as inúmeras campanhas realizadas pela entidade em prol da justiça social, economia solidária, ecologia, desarmamento, paz mundial e etc, demonstraram como uma grande família cristã pode desempenhar um papel transformador e libertador em nossa sociedade.
Longa vida, COMUNHÃO MUNDIAL DE IGREJAS REFORMADAS !
André Tadeu de Oliveira
Parabéns pelo esclarecedor texto... profundo e simples ao mesmo tempo.. Acredito que vc deveria enviá-lo para publicação, jornal ou revista...
ResponderExcluir(Sic) Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas: A união dos dois conselhos de orientação reformada diz respeito não apenas aos cristãos pertencentes a esta tradição, mas a toda cristandade. Não podemos pregar o evangelho de Jesus Cristo no meio de tamanha desunião.
Penso isto como um micro-ecumenismo, pois a presença da expressão Reformada, sem querer soa como excluindo outras tradições, tais como: católicos e pentecostais. Eu sei que isto não acontece, mas eu daria preferência para o termo Cristã.
Pax et bonum
Notícia bastante interessante
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