quarta-feira, 23 de março de 2011

Lançamento do meu livro


Finalmente saiu ! Já está disponível meu primeiro livro. Fruto de minha monografia do curso de teologia no Mackenzie, “Nazismo e Religião, Entre a Aliança e o Conflito”, acaba de ser lançado pela Editora Reflexão.

Abaixo, estou transcrevendo o prefácio do livro, de autoria da professora Suzana Ramos Coutinho Bornholdt, professora do Mackenzie e integrante de minha banca, e uma resenha de minha colega Rayssa Gon, colunista do site BULE VOADOR, onde também sou colaborador.

Para adquirir seu exemplar, entre no seguinte endereço :

http://www.editorareflexao.com.br/Site.aspx/Produto/220-NAZISMO-E-RELIGIAO?store=1



PREFÁCIO DO LIVRO


Autora: Suzana Ramos Coutinho Bornholdt*


Sinto-me feliz e honrada em apresentar ao público brasileiro o livro “Nazismo e Religião, Entre a aliança e o conflito”, de André Tadeu de Oliveira. Ex-aluno do curso de bacharelado em Teologia da Escola Superior de Teologia (EST) da Universidade Presbiteriana Mackenzie, André surpreendeu os professores da banca ao apresentar seu trabalho com brilhantismo, humildade e desenvoltura.


Este livro é resultado desta dedicação e sucesso. André inaugura aqui um passo importante para acadêmicos e estudiosos da religião. A abordagem histórica utilizada para refletir a respeito do nacional-socialismo alemão e suas relações com diferentes grupos religiosos surge no cenário das publicações brasileiras como um tema inovador.


As perguntas norteadoras deste trabalho mostram que o autor investiu em uma pesquisa de precisão não apenas teórica mas também metodológica, visando não a incorrer na prática comum das generalizações. Reconhecendo as particularidades de cada religião, André ousou ir além. Buscou demonstrar uma relação diferenciada de grupos religiosos específicos com o regime hitlerista, apontando possíveis relações com o movimento. Do mesmo modo, realizou cuidadosa abordagem a respeito do papel do cristianismo. Ao se referir à presença da igreja cristã, André realizou a necessária separação entre o papel do protestantismo e do catolicismo e suas respectivas relações com o regime.


A meu ver, a inovação deste livro recai nos apontamentos feitos pelo autor ao sugerir relativo grau de interação do movimento hitlerista não somente com o cristianismo mas também com religiões as quais a sociedade ocidental enxerga com menos destaque, como o paganismo de origem nórdica, o esoterismo, o hinduísmo, o budismo e o islamismo.


Ao se perguntar até que ponto tais crenças contribuíram com a implantação e a consolidação do poderio fascista em solo alemão e se houve resistência por parte dessas crenças, André estabelece um debate rico e provocador. Não somente por mostrar que crenças tão distintas foram utilizadas como sustentadoras do regime hitlerista, mas também serviram como resposta para o povo alemão, então diante da crise moral que se abateu sobre o país.


Este livro nos relembra os horrores de um período da história que sonhamos nunca mais ver. E ao mesmo tempo nos desperta para a responsabilidade de, como igreja cristã e como cidadãos comprometidos com a justiça, não sermos coniventes e omissos com o abuso do poder político sobre os direitos civis.


*Suzana Ramos Coutinho Bornholdt: Doutora pela Lancaster University, possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina e mestrado em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina. É professora da EST-Mackenzie.

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RESENHA ESCRITA POR RAYSSA GON

Autora: Rayssa Gon


Enquanto eu lia o trabalho do André Tadeu – Influência das Religiões no Nascimento e Consolidação do Nazismo Alemão- vários adjetivos passaram pela minha cabeça para defini-lo. Acho que o que se encaixa melhor é ousadia. Sem duvida é um livro muito bem projetado e pesquisado, rigoroso e claro, mas a forma como André tratou um tema até hoje tão delicado sem perder o foco ou o espírito investigativo demonstra que ele possui a ousadia necessária a todos os bons pesquisadores.


Um dos pontos que acho mais importante de destacar da tese do André é a relação do Regime Nazista com as Igrejas Cristãs. Ao contrário do que se costuma pensar, o nazismo manteve relações muito mais estreitas com a Igreja Luterana (evangélica) do que com a Igreja Católica. A Reforma Protestante, por ter tido como um de seus pilares Martinho Lutero (nascido em Eisleben, região central da Alemanha), foi considerada fruto essencial de uma germanidade ideal. Muitos entusiastas do regime olharam a Reforma retrospectivamente como uma luta entre uma religião genuinamente ariana contra outra, estrangeira e invasora, no caso a Católica.


As reiteradas demonstrações de apoio dadas ao Nazismo por Roma (pelo Papa Pio XII especificamente) foram feitas a garantir que Igreja Católica não mediria forças com Estado Nazista. De forma geral, enquanto os papistas gradativamente se alinharam ao governo nacional-socialista, os luteranos alemães se aproximaram do chamado protestantismo liberal – movimento de grande influencia do seculo XIX. André Tadeu explica a natureza dessa aliança:


Para muitos protestantes liberais, a Alemanha havia sido predestinada por Deus para comandar a civilização do mundo moderno. [...] O conceito da realização do reino de Deus por meio da esfera exclusivamente política – aliado a uma clara identificação com a política nacional alemã – forneceu bases teóricas para consolidar a união entre protestantismo e nazismo.


Os cristãos, uma vez alinhados ao regime nacional socialista, revisaram muitos dos pressupostos e ensinamentos bíblicos com o objetivo de combinar a religião cristã com as bases ideológicas do nazismo. Nesse sentido, o congresso de cristãos alemães realizado em 13 de novembro de 1933 em Berlim é emblemático. Durante o evento Hermann Krauser, um dos expoentes do governo, defendeu que para ser vivido na realidade alemã o cristianismo deveria ser depurado: o Antigo Testamento excluído – “com sua ética de recompensa judaica, e de todas as historias de negociantes de gado e cafetões” – assim como as contribuições do “rabino Paulo”. Nesse contexto, Jesus seria apropriado como um líder audacioso, beligerante e , principalmente, antissemita.


O grande mérito do livro do André é mostrar que o campo religioso é absolutamente necessário para entendermos o fenômeno do fascismo na Alemanha. A religião, então, nos ajuda a compreender não apenas o nazismo em si como também a organização da resistência organizada a esse movimento. É o caso da Igreja Confessante. Karl Barth é apenas um exemplo de grandes lideranças cristãs na luta contra o nazismo. Segundo ele, a comunhão entre os filhos de Deus deveria ser através do Espírito Santo e não de uma mesma e única raça. Medidas eugenistas como a esterilização em massa e eutanásia compulsória também formaram, juntamente com os argumentos teológicos, as bases da oposição cristã ao nazismo.


O nacional socialismo alemão também se fundamentou numa releitura de antigas crenças pagãs germânicas. Dietrich Eckart, um dos membros chaves do partido Nazi, defendia que as crenças pagãs eram, na verdade, um cristianismo velado. Muitos dos símbolos e mitos utilizados para estruturar o regime foram tomados de lendas e rituais nórdicos. As runas merecem destaque especial. O duplo raio usado como símbolo da SS (Schutzstaffel ) -organização paramilitar de grande poder e influência – é derivado do chamado alfabeto rúnico.


Um grupo dedicado ao culto e estudo dessas tradições se formou na Alemanha. Denominado “Comunidade de Fé Alemã”, contava com personalidades centrais do alto escalão nazista como integrantes e defendia o resgate completo dessas crenças. O trabalho de André nos mostra como alguns conflitos – pontuais, mas significativos – se deram entre os seguidores dessa dita religião germânica ancestral e o cristãos.


Por fim, o livro ainda conta com analises e explicações sobre os elementos do Hinduísmo, Budismo e até Astrológicos cooptados pelo regime nazista. Uma pesquisa completa, minuciosa e de fácil compreensão que tem tudo para se tornar uma obra referencial para todos aqueles interessados em História e Religião.


Fonte : Bule Voador



5 comentários:

  1. Muito bom, irei ler com certeza
    Parabéns

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  2. Olá Marili, muito obrigado pela presença e interese

    André

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  3. andré, parabéns pelo livro. pelo prefácio e pela boa resenha da raysa, pode-se vislumbrar um excelente trabalho. vou lê-lo oportunamente e no que tiver ao meu alcance, divulgá-lo em meus blogues.

    um abraço

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  4. Eduardo;

    Agradeço pelos comentários. Apenas reforçando, para comprá-lo há tanto o link no corpo da matéria, como a imagem na parte direita do blogue.

    Ambos levam ao site da editora.

    Abraços

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  5. Será que o autor fez o que a maioria dos escritores sobre o nazismo não faz: ligar o nazismo de hitler ás idéias de darwin, sobre a seleção natural?
    Afinal de contas, o plano de hiltler era produzir uma alemanha livre das raças inferiores.
    Se um dia ler o livro saberei a resposta.
    Até lá...

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